10 de setembro de 2011

Suicida - Perfis de personagens

Perfis de personagens por Alex Giostri.

A primeira observação é a de que uma pessoa suicida sente-se só, independente de onde estiver. Sua postura é autopiedosa; não encontra seu devido valor.

Um suicida em potencial é aquela pessoa que pode se matar. O que a leva ao suicídio é, ou algum problema real do momento em que vive, ou então uma enorme incapacidade de se afirmar socialmente (importante compreender que o afirmar-se socialmente é algo da cabeça do próprio suicida – não é o que é de fato, e sim o que essa pessoa acredita que seja).

Geralmente o suicida antecipa sua ação. Nunca diretamente, mas sempre com frases de efeito como “eu não consigo me dar bem”; “eu não presto mesmo”; “eu não sirvo pra nada”; “ninguém me quer”, entre outras.

Estatisticamente é provado que 80% das pessoas que anunciaram sua morte mataram-se e a maioria anunciou de modo indireto, com as frases postas acima.

É complicada a construção dessa personagem, no entanto, se o ator sabe que sua personagem irá se matar capítulos à frente ou no meio do filme (ou peça) é ideal que vá dando aos espectadores dicas indiretas sobre sua futura ação. E também que demonstre um lado sombrio, uma dificuldade em se relacionar, estabelecer vínculos muito concretos com outras pessoas.

O indivíduo com tendência ao suicídio pede indiretamente para ser acolhido. É um ser que necessita de acolhimento. E em momento algum está interessado em falar sobre a questão do suicídio. É algo que não suporta, pois quer ser visto como individuo e não como problema. Se alguém o ver como a um problema o tiro sai pela culatra e ao invés de ajudar, essa pessoa está atrapalhando.

O ator “suicida” necessita de atenção, zelo, compreensão e afeto. E todas essas necessidades devem ser apresentadas pelo próprio ator, que é quem estará desenhando essa personalidade suicida. Para apresentá-las é ideal que as desenvolva em gestos, falas, olhares e posicionamento corporal. Há inúmeras maneiras de o ator comunicar que irá se suicidar.

O grande mérito é que o ator assim o faça sem que a platéia/espectador note diretamente a sua intenção. A idéia é que ao cometer o suicídio as peças se unam. Isso, naturalmente, no campo da ficção.


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