Perfis de personagens por Alex Giostri.
A construção do cleptomaníaco para a ficção deve se dar através de pesquisas sobre as vias do desejo. É um desejo enorme movido por um impulso que é maior do que a razão.
O cleptomaníaco não é um ladrão comum. Não é também alguém que furta algo impunemente. Traz em si a culpa. Sabe que o seu ato está fora dos padrões comuns, sabe se tratar de roubo, furto.
O que o move realmente é o impulso e o desejo. Impulso do que sente; da vontade de obter aquele algo o mais rápido possível.
Naturalmente, há também o prazer no ato da ação. O cleptomaníaco liberta-se de suas amarras ao colocar algo em seu bolso, o cleptomaníaco completa-se de uma maneira subjetiva. Completa-se uma vez que o próprio objeto desejado passa a ser parte dele, parte descolada. É como se aquele objeto, seja lá qual for, passasse a ser a falta.
Também, há a vergonha, a preocupação. O cleptomaníaco envergonha-se de si mesmo passado o êxtase da ação. Preocupa-se em não ser descoberto, e sabe que tal impulso é escravizador. Pode-se pensar, inclusive, num impulso compulsivo inexplicável.
Para o ator, o fundamental é entrar em contato com tal impulso, desejo e culpa. Se quiser, pode passear pelas questões da inveja. Mas muito rapidamente, pois não se trata nem um pouco da inveja. O cleptomaníaco não inveja nada, apenas quer o que crê ser ou ter de ser seu.
É interessante também que o ator busque informações sobre a própria doença. Que busque informações clínicas de especialistas da área. Ao se tratar ficcionalmente um personagem como esse, em momento algum, deve ser posto em jogo traços que o afastem de seu público.
E se o ator estiver realmente interessado num mergulho mais profundo, que adentre nas questões da culpa e procure a melancolia, e que vá às questões do prazer e entenda mais o desejo.
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