10 de setembro de 2011

Cego - Perfis de personagens

Perfis de personagens por Alex Giostri.

A questão do cego na ficção, seja no teatro ou no cinema/TV, é muito rica. A construção basicamente é interna. O olhar do homem cego se dá através das percepções, de seus instintos e de sua aguçada sensibilidade em relação a tudo a sua volta.

Ao ator um exercício interessante é a meditação diária, o mergulho interno, o silêncio do diálogo interior. É um exercício que apresenta resultados surpreendentes. Um outro ponto a ser observado são os sentidos.

A realidade é que ao compor um personagem cego, o ator ganha a possibilidade de se conhecer de uma maneira mais atenta, isso, naturalmente, se a composição for bem feita.

É comum que atores partam para a questão da visão, para a questão daquilo que teoricamente falta ao cego, que é o olhar com os olhos. No entanto, a grande maioria esquece que os olhos do cego, que o olhar que o dirige, são suas mãos, seu paladar, seu olfato, sua audição, sua consciência motora de um modo pleno.

O fato de não olhar com os olhos possibilita sua maior intimidade com o todo do universo. O cego é capaz de contemplar com muito mais qualidade algo que um homem que enxerga com os olhos não consegue sequer supor poder.

Outra vala comum na concepção de um personagem cego é a questão do colocá-lo numa posição de vítima, de coitado. E não é. Se pararmos para refletir de uma maneira mais profunda e sincera, nós chegaremos à conclusão que o fato de não enxergar isso que a maioria de nós esclarecidos enxerga faz do cego um privilegiado. De certa maneira, com todo o devido respeito, o olhar do cego é intimamente ligado à poesia, à metáfora.


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