10 de setembro de 2011

Mendigo - Perfis de personagens

Perfis de personagens por Alex Giostri.


A representação de um mendigo à sociedade é ambígua. Aparentemente um ser desprezível, o mendigo também é adjetivado de coitado, fracassado, perdedor. A vala comum de quem constrói um mendigo na ficção é o homem de roupa suja, sujo, de barba por fazer, mal vestido, fedido, bêbado e de fala errada.

De fato, um mendigo na vida real tem a questão do álcool bem próxima de seu universo. Até porque no caso do mendigo, o álcool, além de um belo companheiro para a solidão, faz com que os problemas de ordem concreta, sejam esquecidos e trocados por momentos de embriagues.

Segundo uma pesquisa da USP (Universidade de São Paulo), pela Faculdade de História, 80% dos mendigos são homens com alguma formação. Todos entre 30 e 50 anos. E o mais intrigante é que 90% deles já tiveram casa, emprego fixo e família.

A partir dessa informação, o ideal é que o ator/pesquisador procure saber um pouco mais de seu mendigo. Que tente saber subjetivamente, ou mesmo através de pesquisas de fatos reais, em qual circunstância esse mendigo construído se tornou o que é.

Um caminho fundamental também é a questão do mergulho, mas não no ator; na personagem. Também pensar nas questões práticas da vida de um mendigo, como, por exemplo, a busca por um banheiro, por um prato de comida, por um papelão para dormir, por uma marquise.

É fundamental que se pense tais privações, essa brutal realidade. E que se pense sob a ótica do próprio mendigo. Do que sente o mendigo ao ter essa vida.

É imprescindível que a pesquisa passe pelas questões da auto-estima, pela repulsa, pelo medo e pela condição social de cada um.

Um mendigo pode ser qualquer um de nós amanhã. É uma realidade social.


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